Rochas da Foz são mais antigas que os dinossauros
Património Complexo rochoso entre Castelo do Queijo e praia dos Ingleses tem 580 milhões de anos Câmara e Universidade abrem, em Abril, o corredor pedagógico para divulgar gnaisses Locais de namoro, espaço de banhos de sol e palco de brincadeiras de Verão. Enrugadas e moldadas pelo mar, as rochas das praias de Nevogilde e da Foz são mais do que adornos naturais da frente marítima portuense. A valia do complexo rochoso, que se estende entre o Castelo do Queijo e a praia dos Ingleses, há muito tempo que é reconhecida entre a comunidade científica internacional, mas continua a ser desconhecida entre a população e os visitantes de fim-de-semana da marginal.
A memória das rochas, conhecidas como "gnaisses da Foz", é mais antiga do que a dos dinossauros. Brotaram antes das criaturas gigantescas, sobreviveram sem a atenção e preservação devida e são hoje um dos patrimónios naturais mais valiosos do Porto e da Península Ibérica. É um local de aula obrigatório para os estudantes de Geologia. Fernando Noronha, presidente do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, estuda há vários anos os gnaisses e garante que têm a idade mínima de 580 milhões de anos. "São valiosos e raros. Uma herança da história geológica do país. As rochas mais antigas de Portugal estão na cidade do Porto. Os gnaisses da Foz são um vestígio do nascimento euro-asiático", sublinha Fernando Noronha. Recorda a "longa batalha" pela classificação do complexo rochoso como património municipal, concedida pela autarquia em 2001. Agora, a Câmara pretende suplantar o desconhecimento e potenciar o valor turístico dos gnaisses. Também já foi apresentada uma candidatura ao Instituto de Conservação da Natureza na ambição de classificá-lo como Património Natural.
Na marginal, começará a ser instalado, em breve, um conjunto de painéis informativos com a criação de um corredor pedagógico que explicará, passo a passo, o que são os gnaisses. "É a valorização de um património que não está a ser acarinhado. A maioria dos portuenses desconhece o valor do complexo de rochas. Acredito que será, seguramente, um factor de atracção turística", face ao interesse que tem despertado na comunidade científica, assinala Paulo Morais, vereador do Urbanismo da Câmara. Em Abril, os gnaisses da Foz e de Nevogilde deixarão de passar despercebidos à população. Numa linguagem simples, Fernando Noronha relembra o processo de milhares de anos de aproxi
mação até à colisão de placas continentais. "Quando se fechou um oceano que era o avozinho do oceano Atlântico, ficaram as rochas enrugadas", conta o professor da UP. Na verdade, as formação rochosas dos areais entre o Castelo do Queijo e a praia dos Ingleses são o resultado do choque de duas placas continentais. Rochas de granito que foram apertadas quando se deu a colisão. Com o passar dos anos, a erosão, provocada pelo mar e pelas areias, esculpiu-as, concedendo-lhe formas curiosas - desde arcos a cavernas - detectáveis num passeio a pé pela marginal da cidade portuense.
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