Pegadas de Dinossáurios Vão Ser Tratadas Contra Os Efeitos da Erosão

Notícia publicada no jornal PÚBLICO a 10/Maio/2004 - Secção Local Lisboa | 5/10/2004

Pegadas de Dinossáurios Vão Ser Tratadas Contra Os Efeitos da Erosão
Por MANUEL FERNANDES VICENTE
Segunda-feira, 10 de Maio de 2004

Os responsáveis pelo Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios, situado na antiga pedreira do Galinha, próximo de Torres Novas, contactaram a Universidade de Oviedo, em Espanha, para encontrar uma solução para proteger as pegadas da erosão. Em causa está a adopçãio de medidas que permitam que os trilhos dos dinossáurios, descobertos em Junho de 1994, fiquem revestidos por uma película aderente neutra que não prejudique posteriormente as pegadas. A equipa responsável pelo monumento, que integra o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), tem vindo a procurar resolver o problema da degradação da qualidade das pegadas e já solicitou, também, um estudo ao Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial sobre os factores que influenciam a sua erosão e as respostas para a minimizar.

A limpeza permanente da laje onde assentam os trilhos jurássicos é considerada fundamental, tal como a criação de estruturas que evitem o arrastamento das partículas calcárias para a laje. A permanência de máquinas e camiões a trabalhar sobre as pegadas durante mais de dois anos depois da sua descoberta causaram danos quase irreparáveis às marcas deixadas há 170 milhões de anos pelos extintos animais, mas agora a direcção do monumento pretende evitar um desgaste ainda maior causado sobretudo pelas chuvas. A colaboração dos especialistas da Universidade de Oviedo, nas Astúrias, surgiu agora como um dos caminhos possíveis para encontrar uma solução definitiva para o problema. Outra iniciativa prevista para valorizar os vestígios jurássicos da serra de Aire consiste na criação de um centro de interpretação junto à rampa de acesso ao enorme anfiteatro onde as pegadas se encontram. Prevê-se que o lançamento do concurso público para a sua construção esteja para breve, havendo já fundos comunitários para apoiar a obra, que além de um espaço para recepção e acolhimento dos visitantes, ficará dotada de um auditório e zonas para exposições permanentes e temporárias. Por fim, prosseguem os trabalhos para criar um jardim jurássico numa das cavidades feitas no calcário pelo proprietário da antiga pedreira. A reconstituição da flora existente há 170 milhões de anos e contemprânea dos dinossáurios é o objectivo essencial. Nele estão a ser plantadas cicas, ginkos, zimbros, teixos, araucárias, cavalinhas e magnólias. Este ano ainda prevê-se que os responsáveis do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa transportem para o local algumas centenas de fetos, uma das espécies mais características dessa época. Depois de estabilizar nos cerca de 50 mil visitantes anuais nos últimos três anos, o parque jurássico procura agora reforçar a sua colaboração em eventos vários, apoiando também os trabalhos de alunos universitários nas áreas do ambiente, geografia, geologia e biologia. A integração do monumento numa rota de dinossáurios de várias espécies é uma ideia lançada recentemente e que começou já a envolver na primeira fase do projecto as câmaras de Ourém, Torres Novas, Lourinhã, Sintra, Santarém e Sesimbra, o Instituto Geológico e Mineiro, o Museu Nacional de História Natural, o PNSAC, o Parque Natural da Arrábida e o Parque Natural de Sintra-Cascais, cinco regiões de turismo e outros organismos públicos.