Arouca vai criar geoparque para o turismo científico
Sara Dias Oliveira
Investigadores de várias universidades preparam projecto de estrutura que deverá estar pronta em 2008
O fenómeno das pedras parideiras, os fósseis marinhos com 480 milhões de anos, a cascata da Mizarela, as aldeias tradicionais, a doçaria conventual, os desportos radicais praticados no rio Paiva, as minas de volfrâmio - estes são alguns dos principais componentes do Geoparque de Arouca, um projecto que está a ser trabalhado por uma equipa multidisciplinar composta por investigadores das universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Minho, Porto, Aveiro, Lisboa e Madrid e do Museu Geomineiro de Espanha. A câmara arouquense está também envolvida na criação desta estrutura, que deverá entrar em funcionamento em 2008, Ano Internacional da Terra.
Os primeiros passos estão a ser dados para que o património do município de Arouca, nas suas múltiplas vertentes, se conjugue e movimente de uma forma articulada, aproveitando sinergias. Uma maneira de cativar quem chega de fora. Um dos objectivos passa precisamente por potenciar o turismo científico, já que serão programadas visitas a locais com história, devidamente enquadradas no contexto científico. A sede do geoparque arouquense ficará situada no Centro Interpretativo Geológico de Canelas, que deverá ser inaugurado esta Primavera.
Em Março, uma investigadora, Daniela Rocha, que está a desenvolver uma tese de mestrado em Geoconservação e Património Arqueológico, parte para o terreno para fazer a primeira inventariação dos elementos que farão parte do geoparque.
O coordenador da equipa multidisciplinar, Artur Sá, do Departamento de Geologia da UTAD, realça que "Arouca é um livro aberto da história da Terra". "Há uma descoberta permanente", acrescenta. Nesse sentido, o geoparque, explica, pode "proporcionar às pessoas que vêm praticar rafting, fazer turismo de habitação, provar a gastronomia conventual e tradicional de Arouca, a visita a espaços históricos". O responsável adianta que a estrutura terá o apoio institucional, das universidades e camarário, bem como da iniciativa privada, que já deu sinais de estar interessada em investir.
No final do próximo ano, a autarquia arouquense pretende candidatar o projecto a fundos comunitários, apresentando-o à rede europeia de geoparques, que tem o "carimbo" da Unesco. Neste momento, não há ainda uma estimativa do investimento. O presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves, salienta que o geoparque visa também "proporcionar visitas a espaços geológicos únicos, com um acompanhamento que dará toda a informação científica" desse património.
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